Ana Maria da Silva Araújo Tavares (Belo Horizonte, MG, 1958). Escultora. Inicia sua formação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, entre 1977 e 1978. Após esse período, transfere-se para São Paulo, onde cursa licenciatura em artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap. Leciona desenho na mesma instituição, entre 1982 e 1984. Freqüenta cursos com Regina Silveira (1939) e Julio Plaza (1938 - 2003), professores que influenciam seu experimentalismo. Entre 1984 e 1986, faz mestrado na The School of The Art Institute of Chicago [Escola do Instituto de Arte de Chicago], Estados Unidos. É marcante sua passagem por essa escola, pois intensifica questões conceituais e impõe novos parâmetros ao desenvolvimento de sua obra. Desde 1993, leciona na graduação do departamento artes plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, onde obtém título de doutora em 2000, com a tese Armadilhas para os Sentidos: uma Experiência no Espaço-Tempo da Arte. Entre 2002 e 2003, é bolsista da John Simon Guggenheim Foundation, em Nova York. A partir de 2002, torna-se docente no curso de pós-graduação em poéticas visuais na ECA/USP. Em 2006, realiza a instalação Enigmas de uma Noite com Midnight Daydreams, no Instituto Tomie Ohtake, e desenvolve obra de grande escala para a Bienal de Cingapura.
Ana Maria Tavares inicia sua produção em meio à voga da pintura, no início dos anos 1980. Em 1983, participa da mostra coletiva Pintura como Meio, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP. Suas telas procuram interagir com o espaço circundante: a artista dispõe seus painéis buscando criar ambientes.
Em 1984, muda-se para os Estados Unidos, onde cursa mestrado na The School of The Art Institute of Chicago. Na escola de Chicago, é incentivada a desenvolver um trabalho mais espontâneo e a fazer uso de referências e padrões de industriais. Segundo o crítico de arte Tadeu Chiarelli, com base em sua experiência norte-americana, que vai de 1984 a 1986, a artista radicaliza seu descontentamento com "os espaços limitados das modalidades tradicionais".[1] Algumas instalações dessa época são expostas na Superior Street Gallery, em Chicago. Em 1986, realiza no jardim da Faap a escultura Abrigo para o Sol. Chiarelli considera a obra um marco na trajetória de Ana Tavares, por "estabelecer relações inusitadas com o espaço".[2] A partir de 1988, a artista busca atribuir uma aparência ainda mais industrial aos trabalhos. Algumas esculturas lembram objetos de design, como móveis, escadas, chicotes e outros.
Na década de 1990, faz instalações importantes. Algumas de suas obras ambientais recriam lugares anódinos, de passagem, como salas de aeroporto, roletas e salas de espera. A artista refaz ambientes que não demonstram qualidades distintivas nos quais as pessoas ficam por pouco tempo. Nesses trabalhos, o espaço é invadido por objetos impessoais e estranhos à galeria de arte.
Notas
1. CHIARELLI, Tadeu. Ana Maria Tavares e o cerco da arte. In: Arte Internacional Brasileira. São Paulo: Lemos Editorial, 2002. p. 232.
2. Idem. p. 230.
ANA Maria Tavares. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10078/ana-maria-tavares>. Acesso em: 26 de Jun. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7